sexta-feira, 16 de outubro de 2015

POESIA: Pablo Neruda


Um dos poetas mais inspiradores de todos os tempos


PABLO NERUDA





Pablo Neruda nascido em Parral em 12 de Julho de 1904, e falecido em Santiago a 23 de setembro de 1973;  foi um poeta chileno, bem como um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século 20,  cônsul do Chile na Espanha e no México.
Neruda recebeu o Nobel de Literatura em 1971.
Era filho de José del Carmen Reyes Morales, e de Rosa Basoalto Opazo, morta quando Neruda tinha apenas um mês de vida. Ainda adolescente adotou o pseudônimo de Pablo Neruda (inspirado no escritor checo Jan Neruda), que utilizaria durante toda a vida, tornando-se seu nome legal, após ação de modificação do nome civil.


Um dos mais belos de Neruda:


A Dança/ Soneto XVII

"Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma. 

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta a luz daquelas flores, 
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, 
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, 

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho."


Formação
Em 1921 radicou-se em Santiago e estudou pedagogia e francês na Universidade do Chile, obtendo o primeiro prêmio da festa da primavera com o poema "A Canção de Festa", publicado posteriormente na revista Juventude.
Em 1923 publica Crepusculário.
No ano seguinte aparece pela Editorial Nascimento seus Vinte poemas de amor e uma canção desesperada, no que ainda se nota uma influência do modernismo. Posteriormente se manifesta um propósito de renovação formal de intenção vanguardista em três breves livros publicados em 1936: O habitante e sua esperança, Anéis (colaboração com Tomás Lagos) e Tentativa do homem infinito.






Talvez

"Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém 
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos..."



Em 1927 começa sua longa carreira diplomática quando é nomeado cônsul em Rangum, na Birmânia. Em suas múltiplas viagens conhece em Buenos Aires Federico Garcia Lorca e, em Barcelona, Rafael Alberti. Em 1935, Manuel Altolaguirre entrega a Neruda a direção da revista Cavalo verde para a poesia na qual é companheiro dos poetas da geração de 1927. Nesse mesmo ano aparece a edição madrilenha de Residência na terra.


"Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.

Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te, como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,

nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor, a sangue e fogo."



Em 1936, eclode a Guerra Civil espanhola; Neruda é destituído do cargo consular e escreve Espanha no coração. Em 1945 é eleito senador. No mesmo ano, lê para mais de 100 mil pessoas no Estádio do Pacaembu em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes. Em 1950 publica Canto Geral, em que sua poesia adota intenção social, ética e política. Em 1952 publica Os Versos do Capitão e em 1954 As uvas e o vento e Odes Elementares.


"Plena mulher, maçã carnal, lua quente, 
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados, 
que obscura claridade se abre entre tuas colunas? 
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?

Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, 
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um só mel derrotados.

Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito, 
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos, 
e o fogo genital transformado em delícia 

corre pelos tênues caminhos do sangue 
até precipitar-se como um cravo noturno, 
até ser e não ser senão na sombra de um raio."


Obra
Em 1953 constrói sua casa em Santiago, apelidada de "La Chascona", para se encontrar clandestinamente com sua amante Matilde, a quem havia dedicado Os Versos do Capitão. A casa foi uma de suas três casas no Chile, as outras estão em Isla Negra e Valparaíso. "La Chascona" é um museu com objetos de Neruda e pode ser visitada, em Santiago. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Lênin da Paz.


"SE ALGUMA VEZ teu peito se detém,
se algo deixa de andar ardendo por tuas veias,
se tua voz em tua boca se vai sem ser palavra,
se tuas mãos se esquecem de voar e dormem,

Matilde, amor, deixa teus lábios entreabertos
porque esse último beijo deve durar comigo,
deve ficar imóvel para sempre em tua boca
para que assim também me acompanhe em minha morte.

Morrerei beijando tua louca boca fria,
abraçando o cacho perdido de teu corpo,
e buscando a luz de teus olhos fechados.

E assim quando a terra receber nosso abraço
iremos confundidos numa única morte
a viver para sempre de um beijo a eternidade."


Em 1958 apareceu Estravagario com uma nova mudança em sua poesia. Em 1965 lhe foi outorgado o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Oxford, Grã-Bretanha. 
Em outubro de 1971 recebeu o Nobel de Literatura. Após o prêmio, Neruda foi convidado por Salvador Allende para ler para mais de 70 mil pessoas no Estadio Nacional de Chile.







"De noite, amada, amarra teu coração ao meu
e que eles no sonho derrotem as trevas
como um duplo tambor combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.

Noturna travessia, brasa negra do sonho.
Interceptando o fio das uvas terrestres
com pontualidade de um trem descabelado
que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.

Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro,
à tenacidade que em teu peito bate.
Com as asas de um cisne submergido,

para que as perguntas estreladas do céu
responda nosso sonho com uma só chave,
com uma só porta fechada pela sombra."


Morte
Morreu em Santiago em 23 de setembro de 1973, de câncer na próstata. Depois do golpe militar de 11 de setembro sua saúde havia se agravado e no dia 19 é transferido com urgência de sua casa na Isla Negra para Santiago, onde veio a morrer no dia 23 às 22 horas e 30 minutos na Clínica Santa Maria. Em 2011 um artigo recolheu declarações de Manuel Araya Osorio, assistente do poeta desde novembro de 1972 até sua morte, quem assegurava que Neruda havia sido assassinado na clínica com uma injeção letal. A casa de Neruda em Santiago foi saqueada depois do golpe encabeçado pelo general Augusto Pinochet e seus livros, incendiados. O funeral do poeta foi realizado no Cementerio General. Teve a presença dos membros da diretiva do Partido Comunista, mesmo estando em condições de perseguidos pelo regime terrorista de Pinochet. Ainda que cercados por soldados armados, escutou-se desafiantes gritos em homagem a Neruda e Salvador Allende, junto a entonação da Internacional. Depois do funeral, muitos dos participantes não puderam fugir e acabaram engrossando a lista de mortos e desaparecidos pela ditadura.


"Quando eu morrer quero tuas mãos em meus olhos;
quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim seu viço:
sentir a suavidade que mudou meu destino.

Quero que vivas enquanto eu, adormecido, te espero,
quero que teus ouvidos sigam ouvindo o vento,
que cheires o amor do mar que amamos juntos
e que sigas pisando a areia que pisamos.

Quero que o que amo continue vivo
e a ti amei e cantei sobre todas as coisas
por isso segue tu florescendo, florida.

Para que alcances tudo o que meu amor te ordena,
para que passeie minha sombra por teu pêlo,
para que assim conheçam a razão do meu canto."


Esposas
Seu primeiro casamento foi com Maryka Antonieta Hagenaar Vogelzang, de 1930 a 1942 com quem teve uma filha chamada Malva Marina Trinidad.
Também foi casado com Delia del Carril de 1943 a 1966.
E por último se casou com Matilde Urrutia, musa de muitos de seus sonetos, que já era sua amante outrora, foram casados desde 1966 até a morte de Pablo em 1973.
Pablo e Matilde:






Um dos poemas inspirados e dedicados a sua amada:

"MATILDE, nome de planta ou pedra ou vinho,
do que nasce da terra e dura,
palavra em cujo crescimento amanhece,
em cujo estio rebenta a luz dos limões.

Nesse nome correm navios de madeira
rodeados por enxames de fogo azul marinho,
e essas letras são a água de um rio
que em meu coração calcinado desemboca.

Oh meu nome descoberto sob uma trepadeira
como a porta de um túnel desconhecido
que comunica com a fragrância do mundo!

Oh invade-me com tua boca abrasadora,
indaga-me, se queres, com teus olhos noturnos,
mas em teu nome deixa-me navegar e dormir."



Encontra-se sepultado em sua propriedade em Isla Negra, Santiago, no Chile.
Postumamente foram publicadas suas memórias em 1974, com o título Confesso que vivi .
Tem muitas e belíssimas obras, como: Sem sonetos de amor, A barcarola, Vinte poemas de amor, Uma canção desesperada, Canto geral, e muitas outras.





"Amor meu, ao fechar esta porta noturna
te peço, amor, uma viagem por escuro recinto:
fecha teus sonhos, entra com teu céu em meus olhos,
estende-se em meu sangue como num amplo rio.

Adeus, adeus, cruel claridade que foi caindo
no saco de cada dia do passado,
adeus a cada raio de relógio ou laranja,
saúde, oh sombra, intermitente companheira!

Nesta nave ou água ou morte ou nova vida,
uma vez mais unidos, dormidos, ressurgidos,
somos o matrimônio da noite no sangue.

Não sei quem vive ou morre, quem repousa ou desperta,
mas é teu coração o que reparte
em meu peito os dons da aurora."



Pablo Neruda foi um poeta extremamente romântico de poesias sensíveis que nos tocam a alma, impossível não se apaixonar ao ler uma de suas belas obras, impossível não se emocionar com palavras tão doces e cheias de sentimento.


"Conheci Pablo Neruda em minha adolescência escolar, indicado por uma amiga, e incentivada por meu pai a ler mais, sou admiradora eterna de sua obra, tão bela.
É um dos meus poetas favoritos, e seus poemas me inspiraram, me emocionaram e me marcam até o presente."
Helena Dalillah


"Áspero amor, violeta coroada de espinhos,
cipoal entre tantas paixões eriçado, lança das dores,
corola da cólera, por que caminhos 
e como te dirigiste a minha alma?

Por que precipitaste teu fogo doloroso, de repente,
entre as folhas frias do meu caminho? 
Quem te ensinou os passos que até mim te levaram?
que flor, que pedra, que fumaça  mostraram minha morada? 

O certo é que tremeu noite pavorosa, 
a aurora encheu todas as taças com teu vinho
e o sol estabeleceu sua presença celeste,

enquanto o cruel amor sem trégua me cercava, 
até que lacerando-me com espadas 
e espinhos abriu no coração um caminho queimante."




Post dedicado a Priscila que tem alma de poeta como a nossa.




"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo."
Pablo Neruda



PABLO NERUDA





VIVA PARA SEMPRE NESSES VERSOS DE AMOR








Um comentário:

  1. Nossa
    como nunca tinha lido nada desse homem,é um poema mais bonito e tocante que o outro.A história de vida dele também incrível,merecia um filme já.
    Obrigado pelo post
    PS:olha aí,não é que existe um filme dele desse ano http://filmow.com/neruda-t127351 ,só que não sei não hein,tomara que não seja uma decepção como o da Florbela.

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