terça-feira, 8 de outubro de 2019

Setembro Amarelo


Setembro amarelo é o ano todo






Nós do Mundo de Helena consideramos essencial a conscientização sobre depressão e suas vertentes.
O mês passado foi um mês muito importante de campanha porém devemos frisar que informação, prevenção, e consciência são necessários todos os dias.
Essa é a razão pela qual estamos postando isso em outubro.








Setembro Amarelo


Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. É uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM)
e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
A ideia é promover eventos que abram espaço para debates sobre suicídio e divulgar o tema alertando a população sobre a importância de sua discussão.



Durante o mês da campanha, costuma-se iluminar locais públicos com a cor amarela.
Por exemplo, em 2015 foram iluminados o Cristo Redentor (RJ), o Congresso Nacional (DF), o Estádio Beira Rio (RS), entre outros

Falar é a melhor solução.
Combater o estigma é salvar vidas.


Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. O dia 10 de setembro é oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.

São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 01 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.

Com o objetivo de prevenir e reduzir estes números a campanha Setembro Amarelo cresceu e hoje conquista o Brasil inteiro.
Como resultado de muito esforço, em 2016, se garante espaços inéditos na imprensa e firmam-se muitas parcerias, e ações para a conscientização sobre este importante tema.




Depoimento


Eu sofri de depressão uma parte da minha vida, e devido a um histórico de abuso na infância e bullying esse problema se acentuou, tratei com remédio por período muito curto, pois nunca gostei muito, e fiz terapia durante vários anos da vida, o que me ajudou, mas muitas vezes interrompi e deixei de lado, enfim passei por altos e baixos.
Eu tinha ansiedade e inúmeras coisas eram difíceis pra mim devido a isso, por ser sempre muito sensível, e na verdade demorei para descobrir que possuía essa condição ansiosa mas lidava como podia e isso por muitas vezes me atrapalhou na vida e em minhas relações.
Já fiquei apática, desmotivada, deprimida e até anti social por fases mas que não duravam muito tempo, mudavam e se dissipavam.
Mas nunca pensei que ao começar a sofrer de transtorno de ansiedade generalizada chegaria num estágio de total incapacidade de fazer coisas, pensar e conseguir funcionar no meu cotidiano, isso começou no fim do ano de 2017 e durou até o início do ano de 2018, quando tive um momento de imensa depressão e crises de ansiedade e pânico estavam vindo constantemente e por vezes diariamente, e o stress do momento em que vivia acentuou tudo isso ao extremo.
Cheguei num estágio em que tudo era muito doloroso, a flor da pele, e não conseguia ser produtiva como antes, falar sobre certos assuntos, ver certas pessoas, e até assistir certas coisas por conta do stress terrível que tudo aquilo me causava, então me afastei de tudo que me fazia mal durante esse período, por realmente não ter condição psicológica de enfrentar certas situações e emoções e quem entende o que é ansiedade sabe do que falo, quem não compreende ou nunca sofreu desse mal de forma aguda pode não acompanhar o raciocínio ou achar exagero, mas a falta de compreensão se dá por ignorância e desinformação sobre a doença.
Enfim cheguei num pico de ansiedade e stress que me fez querer me ferir de forma grave.
Eu sofri no passado de automutilação e quando passava por momentos de forte emoção negativa tendia a me cortar em lugares específicos superficialmente para transferir e aliviar a dor da mágoa e o stress emocional.
Isso durou alguns anos quando muito jovem, e após me tratar havia parado com tais práticas.
Mas nesse momento de forte ansiedade e stress que eu sofria que não vem ao caso descrever detalhadamente, tudo estava tão confuso, angustiante e sem sentido dentro de mim que não podia cogitar pensar limpidamente, não conseguia sequer respirar e a ansiedade já estava trazendo sintomas físicos e psicológicos muito extremos.
O peito pesava e doía como se tivesse sido atropelado, a cabeça zumbia e o corpo exausto só queria dormir mas não tinha descanso nem apagava, a mente não pensava, trabalhava em looping constante em velocidade acelerada, e aquilo era tão desesperador que era impossível não querer gritar e se isolar de tudo ou deitar querendo nunca mais se levantar.
Comunicação era impossível, e ouvir os outros se tornava um tormento pois simplesmente não conseguia me socializar e me concentrar numa conversa como qualquer pessoa normal.
Viver era pesado, meu sono e alimentação estavam sem qualidade, qualquer barulho repetitivo me perturbava ao extremo não apenas irritava como de costume, e eu descobri que isso era causado por ansiedade, mas que estava aumentando muito aquela época, e eu raramente tive descanso desses sintomas nessa fase.
O que me fez pensar que todas as vezes do passado em que sofri deprimida tivesse sido um treinamento daquele inferno vivo que eu experimentava aqueles dias.
Nada poderia ser mais enlouquecedor ou pior do que aquilo para mim e simplesmente não havia trégua.
Era impossível querer viver, pois eu não mais vivia.
Foi então que num impulso desesperado abri meu pulso, e o desespero e intenção inicial não era aliviar aquele momento mas fugir de tudo aquilo.
O sangue abundante que jorrou me fez perceber que daquela vez seria mesmo definitivo, porque não era superficial como antes, dessa vez era um buraco.
Não estava apenas me cortando pra aliviar o stress, e se o fizesse no outro pulso seria o fim de tudo.
O fim da dor e daquilo que eu sentia e não suportava mais sentir.
Foi quando a adrenalina do momento e confusão psicológica do medo de estar acabando com algo que eu não sabia o que poderia ser me fez pensar na possibilidade de voltar atrás.
Eu sabia que vivia um inferno, mas por que teria de ser sempre assim?
Será que eu poderia pedir ajuda?
Haveria saída para aquele momento?
A única pessoa que me veio a mente foi uma melhor amiga que havia passado uma fase muito difícil ano antes pois tinha enfrentado um câncer, e que agora estava bem, e eu não conseguia pensar em preocupa-la depois de tudo que ela havia passado, mas não pude deixar de pedir ajuda por causa de algo que ela me disse quando estava doente.
Então a chamei e ela me socorreu e levou para a emergência.
Eu nunca vou esquecer o que ela fez por mim.
O pulso foi ponteado, e a ferida enfaixada, mas a alma ainda estava aberta.
Foi quando percebi que precisava de algum reforço para aquele momento e comecei um tratamento leve para ansiedade que me ajudou muito, mas que relutei fazer durante muito tempo, e continuei firme meu tratamento com terapia pra cuidar da raiz da questão tratando o emocional, psicológico e o comportamental para poder sarar tudo aquilo de forma definitiva.
Ceder a algo que não entendia muito bem naquela fase que cheguei foi primordial, pois somente a terapia não estava segurando o desequilíbrio do meu transtorno e os sintomas que se agravaram, foi preciso mais.
Hoje percebo que há casos diversos e nem sempre sabemos o que é melhor, ou podemos escolher melhorar da forma que esperamos.
Cada caso exige um cuidado específico, e eu cheguei num momento que realmente não podia mais continuar nem tinha qualidade de vida se não tratasse aqueles sintomas extremamente incapacitantes.
Eu precisei chegar no fundo para entender que existiam casos da doença e fases que poderiam ser mais agravantes do que eu já havia vivenciado antes, e que haviam pessoas que passavam por isso o tempo todo.
É preciso esclarecimento para entender que se precisa de apoio e muitas vezes só ele não melhora o problema, e que é necessário ajuda médica.
Se você não entende que depressão e ansiedade não é escolha, nem fraqueza, que auto mutilação não é coitadismo, e que tentativa de suicídio não é necessidade de atenção, não faça comentários pejorativos e críticas injustas.
Somente quem chegou no limite que o impede até de respirar sabe a dor que é vivenciar um transtorno ou crise.
Não julgue saber ou condene sem compreender e vivenciar.
Você não está na pele e natureza do doente para ter noção do que é sentido e o porque há necessidade de fuga, num estágio em que até a alma dói e viver é insuportável.
Se não puder ter sensibilidade com a dor que você não conhece, ao menos não julgue.
Apoio é fundamental.
Hoje tenho qualidade de vida, não apresento mais crises de pânico e raramente tenho crises de ansiedade.
Faço acompanhamento e terapia para expressar todas as minhas emoções e para saber lidar com possíveis momentos e situações da melhor forma.
Descobri o motivo de seguir certos padrões mentais, e reprogramei minha forma de pensar sobre certas coisas para ter mais bem estar, expus e dissolvi mágoas e superei alguns traumas, mas nada é fácil, indolor e instantâneo e ainda há muito a evoluir.
Hoje eu nem acredito onde cheguei comigo mesma. Olho para trás e fico feliz por ver quem era, e onde estou e enxergar a diferença.
Parecia impossível.
Mas ainda não sou perfeita, ninguém o é, eu possuo uma condição que requer cuidado, e é quem eu sou.
Sou grata pelo progresso que me permiti, e vou prosseguir.
Eu não tenho vergonha de dizer que quis desistir, e me considero vitoriosa por ainda estar aqui, enxergar e poder dizer tudo isso.
Toda aquela tempestade que eu achei que jamais sairia, aquela sensação de enlouquecer, de que o mundo estava ficando cinza e escuro e eu temia a chegada da noite por saber que o surto de pânico estava próximo se foi.
Todo aquele inferno está onde deveria estar, fora de mim.
Mas se eu não tivesse a ajuda que eu tive tudo isso poderia ter sido outra história com um final muito triste.

Sou grata pelos poucos amigos que tenho e pela família que apesar de imperfeita me ama e ficou ao meu lado da forma que pode no pior momento em que vivi.
Hoje eu sigo bem, feliz nem sempre, porém estável, bem, e muito melhor do que ontem.
Aprendi que não devo me culpar, que sou imperfeita e nem sempre vou acertar e não preciso me punir por isso, e que não devo me abalar ao extremo por aquilo que não depende de mim, pois é um desgaste desnecessário.
Vi o quanto isso pode afetar muito as pessoas ao meu redor e nem todo mundo tem estrutura para enfrentar e acompanhar o problema.
Também revi meu conceito a respeito de excessos, e que apesar de ter melhorado, recaídas fazem parte do problema e muitas vezes buscar consolo em distrações passageiras podem não ajudar, e mascarar emoções com festas e álcool não é uma saída verdadeira apenas uma fuga que pode ser prejudicial, pois o que é negativo e se ignora vai crescendo dentro de nós independente de anestesiarmos.
Refleti que preciso aceitar minhas falhas e não tem problema fraquejar, pois isso me faz humana enquanto estou no processo de melhorar, nada será de um dia pro outro.
Cargas desnecessárias ficaram para trás, e isso me trouxe paz de espírito.
Também aceitei que nem todo mundo vai me entender ou respeitar meu momento sem criticar ou julgar, mas que isso é um problema deles não meu.
Hoje eu vivo um dia de cada vez, valorizo o presente, priorizo a mim, penso muito em tudo que vivi e que viverei, pois a vida não acabou, apesar de haver momentos difíceis, e isso faz parte.
E está tudo bem desabar. Nem sempre é fácil.
Haverão dias bons, ruins, leves e complicados.
Mas estou aqui, e seguirei. E sou grata pela vida e por tudo que ela me proporcionou quando decidi não desistir.
Nem todo mundo tem essa oportunidade, e nem todo mundo consegue ajuda a tempo.
Agradeço ao universo e a todos que me ajudaram da forma que puderam sem julgar, se não fosse por vocês eu não estaria vivendo esse momento hoje.
Conscientização é necessário.
Consciência é preciso.
Empatia é fundamental.
Compreensão e compaixão é primordial.


Helena Dalillah






Setembro amarelo.






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