quinta-feira, 10 de junho de 2021

Nova Era

  

Bem vindo a modernidade






Era do smartphone, da câmera digital ao alcance da mão todo segundo do dia pra registrar o momento que nem se usufruiu, nem vai se lembrar. 

Era da imagem HD, 4k, alta definição, e zero clareza na vida e na interação.

Dos bebês que já sabem baixar programas e mexer na rede antes mesmo de falar e socializar.

A era em que já se nasce de frente pra uma câmera, cercado pela própria imagem, onde predomina mais o narcisismo do que a visão do mundo ao redor e do que se passa com as outras pessoas.

Era da selfie, dos encontros fáceis, de falar com pessoas do outro lado do mundo e fazer muitos amigos distantes e com interesses em comum cuja vida você nem conhece.

Era de poucas palavras exigidas, e da dependência psicológica em frente a uma tela.

Onde o flerte virou um jogo, um campeonato de desatenção e interesse onde vence quem é mais insensível ao outro.

Era do "video meet" e de pouca integração social.

A era do filtro, do rosto perfeito e da alma deformada.

Era em que a máscara é uma moda, não um disfarce. 

Do sorriso fácil na rede e do espírito ferido escondido.

A era do orgulho em ser cruel e egocêntrico por natureza, e não ter vergonha disso. 

Onde você é definido por um troféu e por seus bens, e não por quem você é.

A era dos vídeos curtos, dos status que se apagam em um dia, e de memórias vividas que se deletam em um segundo.

Onde um indivíduo é somente um número; definido por um salário, um cnpj, um cargo, um boleto, ou número de seguidores.

Onde o ser humano se torna um mero rótulo.

Era das relações líquidas onde um coração numa curtida é uma declaração de amor, e uma foto é deletada junto com um sentimento. 

Onde pode se escolher numa plataforma o melhor candidato para preencher-lhe o tempo e dar prazer pelos próximos 3 meses para depois ser apagado e trocado pelo próximo da fila.

A era dos grupos de whatsapp, onde todos podem falar, todo mundo se auto afirma, ninguém dialoga de verdade e famílias se fragmentam por diferenças.

A era da conversa virtual e do "relacionamento sério" online que acaba em poucos dias.

A era do textão, da "lacração" e do "mi mi mi", do jogo de poder, popularidade e competição.

A era de responsabilizar o outro, e a influência do outro pela própria decisão, porque "se ele faz também posso fazer."

Era que facilita liberdade de expressão, mas quando a dor do outro é exposta, deve ser ignorada pelo número imenso de caracteres, pela desculpa da falta de tempo e empatia humana ao semelhante.

Era onde se "presume" a vida do outro pelo que ele posta, e se conclui o que for conveniente pro próprio ego, pois não existe comunicação nem clareza de diálogo.

Era do capitalismo, da prioridade, de ganhar, vencer e ter que pisar em quem está embaixo, para se sentir melhor.

O que vale é postar.

O que importa é que o instagram é bonito, onde se mostra uma vida perfeita e se compara com a de outras pessoas infelizes, que vivem de aparência mas precisam se validar. 

Era da rede social, e do encontro vazio.

Era dos "1000 amigos" no perfil e nenhum quando tem um problema fora dele.

Era do egoísmo, futilidade e ostentação.

Tempo de modernidade, da rapidez, e do descartável.

E quem eu sou no meio disso? 

Me perco.

Para você sou mais um usuário, um número, a poeta de rede, escritora medíocre com poucos views, mas não é isso que me  importa.

Eu tenho certeza que não sou daqui.


Helena Dalillah









See ya




quarta-feira, 9 de junho de 2021

Meu

 






Eu me acolho

eu me abraço

como antes fiz

eu sigo

eu voo

eu me aceito

eu me conforto

eu me respeito.

Eu não espero o mesmo de mais ninguém.


Meu

eu.


Helena Dalillah









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