quarta-feira, 26 de maio de 2021

Resenha: Boxing Helena

  

Encaixotando Helena


De novo? Sim.

Há muito a se falar desse filme.  Atenção: Conterá spoilers.

Se você quer a crítica sem spoiler Clique aqui




Boxing Helena lançado em 1993 e dirigido por nada menos que Jennifer Lynch, a filha de David Lynch, é um filme peculiar, e há muitas razões para isso, ele é ousado e profundo, surreal e poético, cheio de simbolismos de vários níveis que não se enxergam claramente num primeiro momento, é preciso ser observador, e com um fator psicanalítico muito interessante.




O filme segue uma estética kitsch. A trilha sonora e direção são excelentes, e a fotografia muito competente captando algumas cenas como se fossem um devaneio, tal a obsessão do protagonista em fantasiar sua musa.




Sherilyn Fenn é uma coisa a parte visto que sua beleza, realmente arrebata e foi perfeita para a construção do personagem, ao mesmo tempo em que Nick com suas questões  psíquicas não resolvidas, desde édipo, à falta de afeto dos pais; apesar de um homem bem sucedido, por sua criação era deveras ingenuo e até inativo diante de uma presença feminina, trazendo ares infantis ao personagem.




Um fator interessante da trama foi o clímax, quando no auge do filme finalmente Helena declara o seu amor, e se conclui ter sido tudo um sonho, reforçando o simbolismo da ejaculação precoce, sofrida por ele, que no momento em que ele iria toma-la para si, alguém interrompe e ele acorda, numa relação abortada mais uma vez. 




A frustração eterna de Nick de poder dominar e não conseguir, mais uma vez sendo dominado pela fêmea por seu desejo, tão onírico e arrebatador.




Ele era tão preso, tão dependente dela que ele precisou desce- la ao ultimo nível de dependência para que assim finalmente estivessem iguais, e ela pudesse olhar pra ele, mas ainda era tudo dentro da sua cabeça, que ao despertar está estaca zero de novo, vê que a tinha levado para o hospital onde ela foi operada pelo atropelamento e toda a historia de prisão não passava de um sonho de um desejo sórdido do seu subconsciente, que não teria ousadia o bastante para arquitetar nada daquilo, pelo menos num primeiro momento.




O fato dele transforma-la numa deusa, - uma vênus de milo-, posta num altar reforça a forma com que a diviniza, e o poder e fascínio que ela exercia sobre ele.




Quem era o escravo afinal?

A técnica de filmagem, o romance e o erotismo, deixa claro que o filme iria explorar muito essa sensualidade em seu decorrer, o que deixou tudo mais interessante, não decaiu a trama nem um pouco, e acrescentou momentos quentes e cenas memoráveis.




Ela era ousada, livre e dona de si, entende-se que era uma prostituta, e só saia com quem queria.





Ele; apenas hipnotizado pelo poder e independência de sua musa, que possuía algo que faltava a si, como homem não sabia como agir diante de sua presença. 

Ela fazia o que queria, ia para onde queria, entrava para se banhar na fonte numa festa na frente de todos sem se importar com os olhares, de desejo e reprovação.






Nick por não saber como conquista-la não tinha outra fantasia a não ser domestica-la e encarcera-la numa caixa para te-la só para si, ainda que fosse uma ilusão tal, pois ela continuaria implacável por um bom tempo mesmo presa, provando a ele que é impossível comprar, aprisionar ou forçar um amor que não aconteceu, e nem irá.




E no decorrer do filme vemos que tudo que ele queria era ser homem o bastante para ela, dar -lhe prazer. Em determinado momento, ela o ensina como fazer, numa das cenas mais belas do roteiro. 






"Não tenha medo. - diz Helena. - Possua-a."

Enfim poderia ficar falando o dia todo como esse filme é único e original, e que me desculpem os revoltados com o final, ele foi genial, pois nos dá margem a amplas interpretações possíveis tanto do ponto de vista do sonho como da realidade em que ele se encontra quando acorda.

Não poderia ser melhor.

- Ainda sou assombrado pela minha amada, - conclui Nick num ultimo momento:

- Esses sonhos...





Será que um dia ele superaria? Será que ela pararia de exercer essa fixação sobre sua mente? 

Acho que o fim deixa isso muito claro.

Genial.

 Viva Lynch.



Por Helena Dalillah


Até a próxima.





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segunda-feira, 17 de maio de 2021

TV e Nostalgia: Filmes de terror do Cinema em casa


Filmes de terror exibidos no Cinema em casa


Foi isso mesmo que você leu.

Relembre alguns filmes de terror que eram exibidos no "Cinema em Casa" do SBT quando ainda não existia censura durante o dia, em exibições pra maiores de 14 anos.

Bons tempos.


O Enigma de Outro Mundo - The Thing 1982 de John  Carpenter




O mestre do terror John Carpenter usa de efeitos especiais e muito suspense nesta versão arrepiante do clássico O Monstro do Ártico. No verão de 1982, um time de doze pesquisadores trabalha numa remota estação na Antártica e descobre um ser alienígena submerso na neve há mais de 100.000 anos. Descongelada, a criatura mutante possui a habilidade de duplicar e se transformar em seu hospedeiro, matando-o em seguida e espalhando o terror. O problema é descobrir quem é ser humano e quem é o possível alienígena.

Com Kurt Russell.




Um clássico no gênero. A construção do medo, ao grotesco; num ambiente de paranóia e tensão que chegam ao limite da sobrevivência humana. 

Filmaço de horror com ficção, pra ninguém botar defeito.

Assista e confira. 

Sem mais.






Hellraiser- Renascido do inferno de Clive Barker 1987





Uma esposa infiel encontra o zumbi de seu amante morto, que está sendo perseguido por demônios depois que ele escapou de seu inferno sado-masoquista e decide ajuda-lo.




A fita era presente nas videolocadoras antigas, e desafio alguém que não conheça o personagem da icônica capa. 

Clássico do gênero, criou toda uma mitologia própria, rendendo outras sequências, inclusive até hoje lançam alguma bomba caça níquel usando o famoso nome título para atrair a multidão.

Apesar do quinto ser fora de contexto, recomendamos conferir até o sexto.

Os que vieram a seguir são bem aquém da originalidade da franquia e deixam muito a desejar.

Destaque para os 4 primeiros, que fecham o ciclo do roteiro perfeitamente orquestrado.

Horror puro, de qualidade, gore e roteiro original.





A bolha assassina - The Blob de Chucky Russell 1988 




Arborville, EUA. Um velho passeia entre os arbustos da periferia quando encontra uma bolha gelatinosa que veio do espaço. Logo a bolha gruda em seu corpo, devorando-o em seguida. Uma amostra dela é levada a um médico, que não consegue identificar sua formação. A bolha cada vez necessita mais de nutrientes, o que faz com que ataque um teatro, um depósito de carnes e enfrente a população da cidade em campo aberto, devorando centenas de pessoas.

Com Kevin Dillon, Shawnee Smith, e Erika Eleniak.




Clássico oitentista, não tem como não ficar vidrado a todo o desenrolar, desde o efeito especial até o seu roteiro.

O longa conta a história de um meteoro que cai numa cidadezinha de interior nos EUA e traz em seu núcleo uma substância gosmenta e púrpura capaz de aumentar de tamanho à medida que se alimenta de seres humanos.

A bolha assassina é a cara do terror que se produzia no final dos anos 80 e início dos 90: ilógico, surreal e original apesar de cheio de clichês do gênero.

Trash de alto nível.

Continua divertidíssimo até hoje.





O Ataque dos Vermes Malditos.- Tremors de Ron Underwood 1990




Perfection é uma pequena vila isolada no meio do estado de Nevada onde, indo de encontro à calmaria costumeira, passa a sofrer uma série de abalos sísmicos estranhos. Para isto Finn Carter instala aparelhos no deserto. É quando dois trapaceiros, Val (Kevin Bacon) e Earl (Fred Ward), descobrem que embaixo da cidade está uma ninhada de vermes gigantes, com tentáculos na boca e que se movem sob a terra em alta velocidade. Acuados pelas criaturas, os habitantes da cidade se unem para encontrar uma solução e eliminá-los.




Divertido e um dos maiores clássicos de horror dos anos 90.

Sem falar o valor nostalgia, e que seu sucesso lhe rendeu 6 sequências e até uma promessa de virar série.

O próprio Kevin Bacon postou na rede um possível projeto e revelou sua vontade de atuar numa sequência como Val novamente. 

Será ? Tomara.

Enquanto isso não acontece vamos rever e nos divertir.





Um Lobisomem Americano em Londres - An American Werewolf in London 1981 de John Landis




Dois jovens turistas americanos, David Kessler  (David Naughton) e Jack (Griffin Dune) estão em excursão pela Europa, viajando a três meses. Passando por uma região rural da Inglaterra, são mal-vistos pelos habitantes locais quando adentram uma espécie de bar ou estalagem. Ao saírem, recebem os mais esquisitos avisos: “Mantenham-se na estrada, afastem-se dos pântanos” e “Cuidado com a lua”. Mesmo assim, os jovens embrenham-se na escuridão e não percebem que estão sendo seguidos por uma criatura terrível.




Com Jenny Agutter.

Quem cresceu dos anos 1990 ao início de 2000 com certeza teve uma relação bem íntima com o cinema de horror/ficção, pois pipocavam sessões dedicadas ao gênero na tv aberta.




Um dos melhores no sub gênero lobisomem, esse filme assombrou muitos adolescentes nos anos 80 e 90.

A cena de transformação de David, que deu ao mestre Rick Baker o Oscar de maquiagem no ano seguinte, é uma das sequências de horror mais fenomenais já vistas.

Destaque para as cenas de pesadelo que David tem no seu processo de transformação enquanto ainda se recupera, uma mistura de violência e surrealismo.

Vale a pena até hoje.





A hora do pesadelo - A nightmare on Elm Street 1984 de Wes Craven




Um grupo de adolescentes tem pesadelos horríveis, onde são atacados por um homem deformado com garras de aço. Ele apenas aparece durante o sono e, para escapar, é preciso acordar. Os crimes vão ocorrendo seguidamente, até que se descobre que o ser misterioso é na verdade Freddy Krueger, um homem que molestou crianças na rua Elm e que foi queimado vivo pela vizinhança. Agora Krueger, pode retornar para se vingar daqueles que o mataram, através do sono.




Com Heather Langemkamp, John  Saxon, Amanda Wiss, Jonnhy Deep, Jsu Garcia e Robert Englund.

Clássico absoluto, que trouxe uma mitologia única e apavorante para toda uma geração.

O ótimo e saudoso mestre Wes Craven criou um verdadeiro ícone, que vive até hoje presente no imaginário dos amantes de horror.




Quem nos anos 90 não se deparou com essa pérola no cinema em casa em plena luz do dia?

Bons tempos que não voltam.

E como não amar?

Nós pessoalmente adoramos. 

Viva Freddy.






Brinquedo Assassino. (Childs Play) 1988 de Tom Holand




Após a babá do garotinho Andy Barclay (Alex Vincent) ser violentamente arremessada para a morte pela janela, ninguém acredita nele quando diz que Chucky, o boneco que ganhou de aniversário, foi o culpado. Até que as coisas comecem a dar errado, mortalmente errado. E quando uma série de terríveis assassinatos leva um detetive (Chris Sarandon) de volta ao mesmo brinquedo, ele descobre que o verdadeiro terror tinha apenas começado - o boneco perturbado pretendia transferir seu espírito mau para um ser humano vivo: o pequeno Andy.

Com Catherine Hicks e Brad Dourif.




Impressionante e perturbador, ainda mais para a época.

Um clássico e um marco no gênero horror, que fez sua fama e gerou várias sequências popularizando o boneco Chucky para sempre.

Recentemente deu origem a uma série que será exibida pelo canal Syfy.

Obra prima do horror.

Um dos filmes mais marcantes no gênero.





A Coisa - The Stuff 1985 de Larry Cohen




Mineradores encontram uma substância gosmenta de cheiro e sabor muito atrativos. A substância é servida como sobremesa pelo mundo todo e vira uma coqueluche. Um espião industrial tenta roubar a fórmula doce, mas descobre algo assustador: o material do qual é feito hospeda um parasita que devora as entranhas de quem o come. 




É interessante toda a crítica sobre consumismo e sobre a moda dos alimentos processados que eram praticamente enfiados goela abaixo na população. Os efeitos especiais são bons.




Um trash extremamente divertido que o cinema em casa ajudou a popularizar.

Com Andrea Marcovicci, Danny Aiello e Garrett Morris.





O aniquilador-  The Annihilator ( Michael Chapman) 1990




Após uma viagem para o Havaí, bela garota (Catherine Mary Stewart) retorna diferente, atraindo as suspeitas do seu namorado jornalista (Mark Lindsay Chapman). Ele logo irá descobrir a verdade: a moça foi substituída por um humanóide idêntico, que ele é forçado a destruir. 




Enquanto investiga o que aconteceu na viagem, o herói é atacado por outros humanóides, que vivem integrados à sociedade e parecem ser comandados por alienígenas.




Foi o piloto de uma série de televisão que nunca se realizou.

Com o tempo, ganhou fama cult.

Vale a pena pelo roteiro intrigante e efeitos sombrios.

Original.





Robôs humanóides assassinos perseguem o jornalista que tem conhecimento de sua existência. 

Um dos robôs foi feito para se parecer com sua namorada.

Nostalgia pura.


A volta dos mortos vivos 2 1988 de Ken Wiederhorn




Os Tambores 245 Trioxin do filme anterior estavam sendo transportados pelo exército norte-americano quando um dos barris acidentalmente se solta de um dos caminhões e cai próximo a um cemitério de uma pequena cidade. 




Três garotos que estavam ali vêem o barril e decidem mexer sem saber do perigo que estava por vir, quando abrem o tambor, um gás se espalha pelo cemitério fazendo com que os mortos levantem-se de suas covas e tudo recomeça.




Com Dana Ashbrook, James Karen, Thom Mathews, Suzanne Snyder, Michael Kenworthy e Marsha Dietlein.

Uma sequência a altura, muito nostálgica para os fãs de mortos vivos.

A cena da cabeça falante é hilária e eternamente lembrada.

Um homenagem ao gênero zumbi com uma pitada cômica como nenhum outro.

Extremamente divertido.





Christine - O carro assassino. John Carpenter 1983




(Não podia faltar King nessa lista, não é mesmo?)

Ela não é um automóvel comum: Christine é um Plymouth Fury 1957 vermelho que, desde sua fabricação em Detroit, já estava fazendo vítimas. 

Em 1978, a carcaça do carro é adquirida pelo nerd Arnie Cunningham, que, entre obcecado e apaixonado, dedica-se febrilmente à sua restauração. 




E Christine retribui o carinho do novo proprietário matando aqueles que lhe fazem mal.

Com Keith Gordon, Harry Dean Stanton, John Stockwell, Alexandra Paul e Kelly Preston.

Baseado na obra prima de Stephen King; Christine é um clássico que figurou inúmeras vezes o cinema em casa do sbt.

Até hoje possui uma legião de fãs.

Claro que nós fazemos parte dessa lista.





Metalbeast (Project: Metalbeast) 1995 de Alessandro de Gaetano




Experiência utilizando pele metálica em agente da CIA morto cria monstro indestrutível que sai fora de controle, espalhando terror. 

Um filme b diferenciado de lobisomem que vale a pena ser conferido. 

Mistura de sci fi com horror de qualidade, e ótimos efeitos práticos.

Com Kim Delaney, Barry Bostwick e Kane Hooder. 




Um sensacional roteiro de lobisomem moderno.

Lembrado até hoje por ter sido exibido pela primeira vez a luz do dia no sbt.

Horror de qualidade, feito na raça, como não se vê mais.






Gostaram?

Veja mais.


Até a próxima.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Poesia: Haikai Da Vida

 






Haikai da vida


nasceu sabendo que ia morrer

viveu como se fosse eterno

morreu sem sequer viver.



Helena Dalillah







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