segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

CINEMA: David Cronenberg


Com vocês um cineasta mais que original:



David Cronenberg






David Paul Cronenberg (Toronto, 15 de Março de 1943) é um cineasta canadense, conhecido principalmente por dirigir filmes do gênero ficção científica.


David Cronenberg não é para qualquer um, começou sua carreira com filmes de horror cheios de sangue, e hoje é um dos nomes mais respeitados do cinema internacional considerado um intelectual e um autor, até por quem não gosta de seus filmes.
Ainda que nos filmes mais selvagens e trashs sua obra é marcante, seu estilo é único sempre trazendo uma mensagem consistente mesmo em suas películas de horror.


Premiações

Ganhou o Urso de Prata, no Festival de Berlim, por "ExistenZ" (1999).
Ganhou o Prêmio Especial do Júri, no Festival de Cannes, por "Crash" (1996)


Destaques

Entrou em cena com seu primeiro destaque  polêmico: "Shivers"; seguido pelos longas: "Rabid", "The Brood", "Scanners", "Videodrome", "Na hora da zona morta", e "A mosca" em que mostra um trabalho inteligente e visceral, de cenas cruas e bestiais perfeitos para amantes do horror.
Surpreendeu no ótimo "Dead Ringers" (Gêmeos- Mórbida semelhança) em que concentra um suspense psicológico na relação de dois irmãos de forma intensa e atípica.
Marcou absurdamente no título "Crash"(Estranhos Prazeres) diferente de suas obras anteriores, na qual focou em uma orientação sexual bizarra e incomum, num roteiro que foge ao clichê e lhe rendeu um prêmio em Cannes.
Foi elogiado com o drama policial "A history of violence" (Marcas da Violência) em 2005, em que trouxe um trabalho consistente, violento, dramático e mais uma vez marcante.







Em Marcas da Violência Tom Stall (Viggo Mortensen) leva uma vida tranquila e feliz na pequena cidade de Millbrook, no estado de Indiana, onde mora com sua esposa Edie (Maria Bello) e seus dois filhos. Um dia esta rotina de calmaria é interrompida quando Tom consegue impedir um assalto em seu restaurante. Percebendo o perigo, Tom se antecipa e consegue salvar seus clientes e amigos e, em legítima defesa, mata dois criminosos.
Considerado um herói, Tom tem sua vida inteiramente transformada a partir de então. A mídia passa a segui-lo, o que o obriga a falar com ela regularmente e faz com que ele deseje que sua vida retorne à calmaria anterior. Surge então em sua vida Carl Fogarty (Ed Harris), um misterioso homem que acredita que Tom lhe fez mal no passado.






Títulos que merecem menção:



Shivers, (Calafrios) 1975






Num condomínio fechado localizado em uma bela ilha canadense, os turistas estão lentamente cedendo à loucura. Um estranho vírus toma conta de seus corpos, infectando a todos. Os sintomas são incontroláveis: homens e mulheres são acometidos de acessos de violência e desejo.
Não há como escapar, nem onde se esconder. Enfim, entregam-se a um comportamento sexual animalesco e bizarro. Nonsense, humor penetrante, terror e morte, o filme mais escatológico de Cronenberg.
Neste filme a mortal epidemia ganha contornos de uma doença altamente contagiosa, que hoje em dia poderíamos associar com o HIV e a guerra biológica.





O diretor John Carpenter assumiu ter se inspirado no estilo de Cronenberg, e posteriormente James Cameron declarou que se inspirou em Shivers para compor seu filme Alien de 1986.

Genial película de horror, massacrado pela crítica conservadora, em que um Cronenberg iniciante levanta questões além de sua época, na forma de metáfora sobre os comportamentos sexuais promíscuos, a manifestação dos instintos básicos e até uma histeria coletiva.
Excelente e válido.
Horror sem limites  visuais e psicológicos, "Shivers" não tem outra palavra para descrever esta obra de primeira qualidade: calafrios é só o começo desse trabalho de roteiro original que une o horror ao animalesco numa espécie de zumbi nada convencional. Final dignamente singular e repulsivo.
A razão e o bestial juntos, uma luta que não está longe da realidade.






Rabid (Enraivecida na fúria do Sexo) 1977






Mulher que sofre grave acidente adquire em seguida uma sede de sangue insaciável.
Neste seu quarto filme, estrelado pela ex-diva do pornô Marilyn Chambers (do clássico adulto "Atrás da Porta Verde"), é uma boa variação do tema do vampirismo/zumbi, com produção modesta, visual sujo e clima claustrofóbico.
Após a polêmica que foi filmar Shivers e ser duplamente criticado Cronenberg contra atacou cotando uma estrela pornô para protagonizar esse longa, e nos mostra um zumbi diferenciado se espalhando em forma de um experimento científico, que já nessa época nos trás uma variável interessante do gênero, que inspirou clássicos futuros, como Rec e Extermínio.
Vale a conferida.





Rabid é de baixo orçamento, mas tem suas reflexões e seus encantos, como outros títulos de Cronenberg ele merece ser mencionado.
Destaque bizarro para a tradução inapropriada do título, que nada tem a ver com a temática, e no Brasil foi feito apenas para atrair fãs de Marilyn Chambers ao cinema, mas isso não compromete o produto final.





Scanners (sua mente pode destruir) 1981






Reunidos numa organização clandestina, os Scanners - que são pessoas com poderes telepáticos e telecinéticos incomuns- preparam a derrubada do governo estadunidense e, a partir daí, a dominação mundial.
O governo, para os combater, começa a contratar os seus próprios scanners, se necessário através de lavagens ao cérebro e "conversões" forçadas.
Provavelmente é o filme mais pop de Cronenberg junto com The Fly, novamente ele trata temas como comportamento humano, controle da mente, e questões da ciência, mas é igualmente original e impactante, e aos quase 15 minutos de filme com uma das cenas mais impressionantes do cinema fantástico.
Scanners não é um exemplo a ser chamado de cinema clássico, pois trabalha com uma estética por vezes bizarra, e peculiar, mas quase impecável contando com todos os bons elementos da identidade visual de Cronenberg.






Roteiro envolvente e final inesperado.
Marco da ficção científica.
Teve uma sequência em 1991 nas mãos de outro diretor, e outra em 1992 ambas roteirizadas por Cronenberg.






Videodrome (A síndrome do vídeo) 1983






Max Renn (James Woods), o dono de uma pequena emissora de televisão a cabo, capta imagens de um "snuff movie", que seriam cenas de pessoas torturadas e mortas.
Interessado em exibir aquele conteúdo ele passa a investigar sua procedência.
Inicialmente os sinais pareciam vir da Malásia, mas depois descobre-se que eram gerados em Pittsburgh.
Gradativamente Max fica sabendo que esta transmissão se chama Videodrome, que na verdade é muito mais que um mórbido show de televisão.
Max começa a sofrer efeitos bizarros e alucinógenos destas transmissões, se vendo no meio das forças que criaram e querem controlar o Videodrome.
Mas Max descobre que seu corpo pode ser a última arma que poderá usar contra seus inimigos.






Sequências absurdas e alucinantes com cenas intensas em violência, mas Videodrome não se trata somente disso, há simbolismos e uma inteligente crítica as formas de manipulação da mídia visual, englobando temas como banalização da violência, entre outros.
Cronenberg em sua melhor forma num filme que não é para todos.
Ficção científica de qualidade e de reflexão ampla, bem como o efeito de alienação causado pela mídia, e recheado de surrealismos.
Destaque para a atuação especial da cantora e atriz Deborah Harry vocal da banda de rock Blondie.
Uma viagem no cinema muito bem aproveitada.







The fly (A mosca) 1986






Seth Brundie (Jeff Goldblum) é um cientista excêntrico que trabalha numa nova invenção, uma máquina de teletransporte - a TelePod.
Ao seu lado, tem Veronica (Geena Davis), uma jornalista que acompanha seus projetos acreditando ser essa a história do ano.
Ao experimentar seu novo invento, Seth não percebe que uma mosca entrou na cabine do teletransporte confundindo então a máquina que trabalha na fusão de ser humano para inseto.
O imprevisto faz com que os padrões moleculares do homem e do inseto se misturem e, pouco a pouco, o cientista vai sofrendo terríveis transformações.






Assustador, com uma certa dose de humor e cenas grotescas, além de um estudo de personalidade, A mosca figura entre os filmes de horror mais notáveis dos anos 80.
Maquiagem a atuações excelentes, e uma reflexão quanto ao ser humano, trabalho que figura facilmente entre os melhores do diretor com feitos muito bem planejados e um roteiro bem estruturado.
Após 30 anos do seu lançamento, A Mosca é um filme que mesmo nos dias de hoje consegue te impactar devido ao seu roteiro bizarro cercado de elementos originais que fazem uma obra autêntica.
Filme imperdível para os amantes do gênero.
Indigesto, e trash, uma obra prima do horror.
Teve uma sequência em 1989 lançada por outro diretor.
Curiosamente na época em que estavam filmando os atores Jeff Goldblum e Geena Davis se envolveram e se casaram.







Bônus 1:

Dead Ringers (Gêmeos- Mórbida semelhança) 1988






Os gêmeos idênticos Beverly e Elliot,(Jeremy Irons) brilhantes ginecologistas canadenses, pesquisam a fertilidade feminina em sua clínica particular.
A atriz Claire Nivean, que não tem filhos, procura auxílio na famosa Clínica Mantle.
Diagnosticada por Beverly como possuidora de um útero tricervical, Claire deve perder a esperança de engravidar.
O arrogante Elliot fica fascinado pelo masoquismo da atriz e dorme com ela. Como é costume deles compartilharem as pacientes, encoraja o irmão a tomar seu lugar. Os dois passam a se revezar nas visitas a Claire, mas o tímido Beverly se apaixona pela atriz e, influenciado por ela, começa a usar drogas.





Baseado em fatos reais, obra de grande intensidade, abordando questões psicológicas e transtornos da psique com um pano de fundo genial.
Diferente de demais títulos anteriores de Cronenberg, sem bizarrices, ou horror, esse  filme esbanja suspense e tem um desenvolvimento sombrio e competente nos levando fundo e mais fundo na doentia e perturbadora insanidade humana.
Final digno de reflexão.
Perturbador e absurdamente genial, um prato cheio aos amantes de psicologia.
Um das obras mais inteligentes do diretor, e Jeremy Irons impecável em uma das atuações mais perfeitas de todos os tempos.









Bônus 2:

Crash (Estranhos Prazeres) 1996






James Ballard (James Spader) se envolve em um terrível acidente automobilístico que acaba atingindo outro carro no qual está um casal. O homem morre e a mulher interpretada por Holly Hunter, fica bastante ferida, mas após o trauma e a raiva inicial ela acaba se tornando amante de James.
Ao mesmo tempo passam a frequentar um grupo que tem como fetiche a reconstituição de acidentes de carros, nos quais famosas pessoas morreram.
No entanto, estas reconstituições são propositadamente feitas sem nenhuma norma de segurança, aumentando sensivelmente o risco para quem participa da simulação e criando um clima de grande excitação para a platéia. A descoberta deste estranho prazer acaba atingindo a esposa de James e as relações sexuais tendem a serem quase sempre dentro de automóveis.
Atuações marcantes de Elias Koteas, Deborah Kara Unger e Rosanna Arquette.






O ponto mais bizarro da obra de Cronenberg: aqui não há horror ou grotesco explícito, mas há a barbárie da mente como nunca antes vista.
Um filme intenso do começo ao fim, com cenas pesadas, e aumentando de nível; da sexualidade violenta à insanidade.
Como algo que resulta em risco e dor pode culminar num intenso prazer.
Um misto de sensualidade e selvageria mostrado de forma vigorosa que chega ao limite da sexualidade humana.
Polêmico ao extremo.
Crash não se aprofunda na questão sexual acentuada, ele apenas a expõe.
Ardente em sensualidade e com uma fotografia espetacular, ele põe o expectador a prova; em dúvida entre o contexto do proibido e do atrativo.
Assista e tire sua conclusão.







Esse foi mais um tópico Cinema.
Quer ver seu diretor favorito aqui?
Mande sua sugestão ao Mundo de Helena.

Até a próxima.





2 comentários:

  1. Adorei o contexto de todos , fica até dificil escolher rs
    Mas ficaria com Dead Ringers , só de ver o trailer e saber que o final é digno de reflexão ja me deixa mais curiosa para assistir .

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  2. Gosto do Senhores do Crime, arre, um dos meus filmes preferidos, sobre o violento mundo da máfia russa, trás algumas reflexões interessantes e eu gosto do tempo daquele filme, é meio parado, tem uns diálogos muito fodas, Viggo Mortensen e Naomi Watts detonam. Ouvi dizer que quase saiu um segundo filme mas infelizmente não aconteceu, uma pena, filmaço. Já procurei bastante o Marcas da Violência e não encontrei. Também gosto do Mistérios e Paixões e um dia desses vi Cosmópolis, mas não marcou muito, por algum motivo não me lembro muito. Oba, gostei das dicas! Procurar alguns.

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