quarta-feira, 16 de setembro de 2015

CINEMA: Boxing Helena (Encaixotando Helena)


Um dos filmes mais polêmicos e comentados dos anos 90.

 

Alerta de Spoilers 

BOXING HELENA  (1993) Dirigido por Jennifer Chambers Lynch 


" Uma profunda e obscura obsessão que expõe o corpo de uma mulher e a alma de um homem"

 

  


"Encaixotando Helena", conta a história de Nick Cavanaugh, um famoso cirurgião, que fica obcecado por Helena, uma prostituta.
Ela o rejeita, e mesmo assim ele tenta convencê-la que um necessita do outro.
No entanto ela tem outros planos, mas acaba sendo vítima de um terrível acidente que a deixa nas mãos do médico.





Nick se mostra alucinado por essa mulher sedutora que ele tivera um breve caso no passado. 
Após um reencontro, recusando-se a aceitar que ela não o deseja, ele toma uma medida drástica. Com um acidente, as coisas assumirão caráter ainda mais insólito, para não dizer bizarro.






Um doutor bem sucedido com ar ingênuo é interpretado de forma peculiar por Julian Sands, que além de ter tido como mãe uma figura sensual fria e distante, fascinado por essa bela mulher inacessível, demonstra conflitos emocionais mau resolvidos da infância, como édipo, a falta de afeto e dificuldade de se relacionar de forma apropriada.






Ela saia com quem queria, fazia o que queria na hora que queria, na frente de todos sem se importar com os olhares, de desejo ou reprovação.
Ele; por não saber como conquista-la não tinha outra fantasia a não ser domestica-la ou "encarcera-la numa caixa" para te-la só para si, ainda que isso fosse uma ilusão de posse.






As cenas quentes da película são fenomenais e registradas com técnica única.
O filme segue uma estética kitsch.




Ele apenas hipnotizado por essa soberania, essa ousadia e independência de sua musa que
exerce sobre ele um fascínio absurdo, incontrolável  e perigoso, ao mesmo tempo o ensina muito do que não possuía, esse poder de Helena era algo que faltava a si, como homem.
O enredo é intenso e curioso terminando abruptamente com uma surpresa.





Sherilyn Fenn é um caso a parte, ganha destaque em sua atuação como a fria e sedutora Helena
visto que sua beleza realmente arrebata e foi perfeita para a construção da personagem, ao mesmo tempo em que Nick com suas questões psíquicas, se mostra mudo e até inativo diante da presença de Helena, imponente, e perfeita, sob diversas facetas, sobretudo inesquecível e encantadora.






Foi a estreia da diretora Jennifer Chambers Lynch, filha do aclamado diretor David Lynch, trazendo uma trama obscura que trás como tema central uma obsessão tão inocente quanto insana frente a uma beleza que aos olhos do expectador é ultrajante e provocativa levando o protagonista ao extremo.
O longa tem ares belos e arrebatadores. A cena da janela, e da fonte são bons exemplos desses momentos marcantes.






Jennifer Lynch junto a Sherilyn Fenn:





Boxing Helena, é um filme sobre a psique humana, que foge ao clichê e sem dúvida trás conteúdo, e reflexão, de onde a mente é capaz de nos levar, e como uma fixação inofensiva pode se tornar algo negativamente colossal.
A premissa é muito válida e o final igualmente estruturado, embora não tenha agradado as massas.










O longa em si é uma metáfora sobre os relacionamentos humanos, na sua forma em principal sobre se apoderar e se submeter à pessoa amada, e isso é explorado de forma diferenciada.
A trilha sonora é de qualidade com canções de Tears for Fears, Lenny Kravitz, Enigma, Cab Calloway, Puccini e Venice, entre outros.





A beleza de Helena é ilógica e fora do comum, em algumas cenas retratada como um devaneio.






A atmosfera onírica em boa parte do filme torna- o ainda mais sombrio e sensual.






Sem a necessidade de ser explícito na construção das cenas, não mostrando na íntegra a sordidez da natureza de certas atitudes, ele transmite com eficácia o drama central de uma situação extrema e tem um clímax memorável.






Um dos momentos mais emocionantes é quando Helena ensina a Nick como uma mulher deve ser amada.






"Uma mulher é algo macio; algo quente quando você a sente. Quando ela está nua. Quando é tocada. Descoberta. Você vê que as coisas acontecem dentro dela. Ela se abre. 
Às vezes uma mulher está triste. Às vezes ela está brava. Desamparada. Bela. Às vezes ela é forte. Mas ela ainda é a mesma mulher. Fale com ela - em sussurros profundos. Diga-lhe o que você está fazendo, o que você vê. Mova-se lentamente. Diga-lhe que você está dentro dela. 
Diga a ela como se sente. Toque-a. Use sua língua. Sua respiração
Quando ela estiver prestes a chegar, ela vai se agarrar a você. Mas não a deixe ir ainda. 
Faça-a esperar.  
Provoque-a. Brinque com ela. Faça-a sentir. Ela pode se tocar. Ela é tão sensível agora.  
Você não pode ter medo.  
A possua. A Possua." (Helena)







Boxing Helena foi um filme controverso que se destacou dos demais, numa época de tramas previsíveis.





Impossível ficar imparcial; tanto sobre a personagem principal como o drama e o romance nada convencional, com pitadas de suspense e erotismo incrivelmente bem selecionados num produto final competente e original que gera discussão.
Na era atual onde no cinema pouco se sobressai, Boxing Helena é uma epifania.






O conjunto da obra trás indagações, simbolismos, e um argumento rico.
Veja por si mesmo e confira esse filme tão falado, tão odiado e tão amado.






A representação da Deusa Vênus de Milo é poética e intrigante levando a ampla interpretação.






Na sua estreia ele também causou alvoroço:  Madonna disse ter interesse em estrela-lo mas abandonou o projeto sem maior explicação, então a atriz cotada para ser Helena foi Kim Basinger, que teria aceitado o papel e assinado um contrato com a produtora.
Porém ao saber das cenas de nudez e da ousadia do roteiro, decidiu recusar o papel, tendo que pagar uma multa de 9 milhões por quebra de contrato.
Por fim, ninguém mais que a lindíssima Sherilyn Fenn para a construção da personagem.






O filme também inspirou a banda de rock Misfits, que gravou uma canção sobre ele intitulada Helena.
Videoclipe traduzido:  (Alerta de spoilers)






Para um público alternativo, que espera roteiro e reflexão Boxing Helena é mais que indicado.
Profano, perverso, poético, surreal, e muito mais.
Super recomendado.





Tema do filme interpretado por Venice. "I can't make you love me":






“Eu o vejo como uma história de amor, não um filme de horror.
A imagem da Vênus de Milo é tão poderosa.
Amor obsessivo é como uma série de amputações enquanto se rouba um do outro.”

Jennifer Lynch



Trailer:

 

 

 

  Até a próxima

 

 
                 











"Boxing Helena foi algo que eu achei muito legal, mas as pessoas julgaram sem nem mesmo tê-lo visto. Não é perfeito, mas eu acho que para a história que estávamos tentando contar, acabou sendo muito bom. O que ele significava era realmente poderoso para mim: como a sociedade nos coloca em caixas e nos aprisiona de uma maneira ou de outra."

Sherilyn Fenn.









4 comentários:

  1. grande filme dos anos 90,diria até bem desconhecido do grande público,com várias interpretações possíveis é um filme obrigatório em aulas de psicologia.
    A beleza de Sherilyn Fenn faz o expectador também ficar hipnotizado. assim como Nick Cavanaugh

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  2. Eu adorei !
    Apesar de ser um pouco tragico eu achei que foi muito bem feito , Uma cena melhor do que a outra , sem falta de diálogo , e a cena que ela ensina a ele como uma mulher deve ser tratada , amada , é a melhor ao meu ver .
    e mostra um pouco da realidade em que vivemos , sim a obsessão pode levar a crueldade mesmo que haja amor no fundo .

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  3. Espetacular o filme e sua resenha é fiel a todos detalhes do filme

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  4. Que resenha espetacular .
    Assisti o filme hoje, como uma tarefa do curso de psicanálise e visualizei claramente o complexo de épico na história.
    Vou ver novamente , agora com esse olhar o amor obsessivo que amputa.

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